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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

DE CARTUCHEIRA CHEIA


Como aprovado em Assembleia Geral, este ano a caça de verão começou no dia 17 de Agosto; mas apenas para algumas espécies migratórias - rolas, codornizes e pombos bravos.
Só no Outono, em princípios de Outubro, é que abre a caça geral - perdizes, coelhos bravos, patos-reais, faisões, raposas, veados, corços ou outras espécies de caça maior e caça grossa.




O coelho bravo, mamífero herbívoro de cor cinzento-acastanhado (camuflagem), existe em todo o território português e a caça é proibida durante quase todo o ano. Os ninhos são subterrâneos. Apesar de roerem tudo que veem pela frente, não são roedores. Roem para gastar os dentes que não param de crescer durante toda a vida.
A raposa, mamífero carnívoro, pode ser caçada entre Outubro e Fevereiro
A lebre, mamífero herbívoro roedor, de cor castanho esverdeado (camuflagem) existe mais na planície alentejana. 
Abriga-se em tocas pouco profundas porque conta com a sua coloração mimética para se dissimular na paisagem. É um animal solitário.
Difere do coelho pelo tamanho das orelhas, das patas posteriores e da forma como corre
É muito procurada pelo caçador. Reproduz-se duas vezes por ano e pode atingir 6 kg
A perdiz vermelha, ave terrestre de aspecto arredondado, abundante em quase todo o território nacional, alimenta-se de sementes, ervas e insectos
No Outono podem ser vistas em grupos de 5/6.



Raposa                                               Perdiz vermelha
Coelho bravo                                       Lebre comum

Tanto a lebre como o coelho bravo têm a fuga facilitada pela posição dos olhos ao lado da cabeça que lhes permite olhar para trás sem se virarem.

Algumas espécies, como lobos e águias"graças à actividade cinegética estão a ser recuperadas, protegidas e devidamente preservadas". 
O javali também já chegou a estar ameaçado de extinção e a caça da raposa permite caçar outras espécies cinegéticas.
rola turca tornou-se uma praga - come a alimentação das outras espécies e como também se aproxima das capoeiras e dos quintais das redondezas, acaba por trazer para o campo as doenças das aves domésticas. Será necessário haver uma licença para as abater, assim como para as cegonhas.


Rola turca                                                 Cegonhas

Considerando as despesas directas associadas à compra da arma, cartuchos, licenças e pagamento de quotas no caso das associativas, os custos para manter e vacinar os cães, o combustível para as deslocações, estadias fora de casa, roupa específica e toda uma gama de acessórios de que um verdadeiro caçador não prescinde, presentemente, a caça é um desporto caro.
Talvez por isso (e não só), o número de caçadores/ano em Portugal tem diminuído, segundo Jacinto Amaro, presidente da Fencaça. E é preocupante porque, como também diz, a caça é um dos principais motores do desenvolvimento rural.

Ser caçador
Os caçadores têm que ter em consideração comportamentos e regras em relação às espécies que podem ser caçadas.

Outono e elogio da caça
Miguel Sousa Tavares 
   
 ver 

Quando se caça em grupo, é preciso que todos funcionem como uma verdadeira equipa - ir caminhando em 'U', para empurrar a caça.

Os cães são os grandes batedores de terreno; possuidores de um olfacto apuradíssimo terão que ser inteligentes na abordagem e no trabalho de busca em campo, ter capacidade de sacrifício para procurar incessantemente a perdiz, a codorniz, a lebre ou o coelho que se escondeu no mato, habilidade para rastear as perdizes que caiem feridas, garantindo a maior percentagem de êxito no cobro e docilidade para partilhar os dias e o descanso com o dono.


A caça é um tipo de desporto pelo qual não tenho qualquer interesse, de que sei pouco e que, apesar de apreciar as várias especialidades culinárias, mal as tenho saboreado.
Mas o tema, focado há dias, fez-me lembrar disso mesmo - do gostoso petisco de há várias décadas.


O meu tio M. caçava - isoladamente ou em grupo, não me lembro. 
Munido duma espingarda de calibre (?), cartucheira na cintura, polainas, casacão ou gabardina e farnel, punha-se a andar logo pela manhã, a caminho de certos locais pejados de giestas, restolho, tojos, pinheiros ou de alqueive. Acompanhavam-no um ou dois cães, podengos ou perdigueiros.


Podengo                                                   Perdigueiro

Os terrenos onde, naquela altura, não havia limitações, ficavam relativamente perto e a caça parecia ser abundante porque regressava pela tarde com os atilhos da cartucheira quase sempre cheios de coelhos, lebres, galinholas, perdizes vermelhas.




Penso que vendia a maior parte das peças mas, de vez em quando, oferecia-nos uma lebre ou algumas perdizes que, como família numerosa que éramos, quase só chegavam para provar… 
E é do cheiro, mais que do sabor, que me recordo.
Ainda estou a "ver" aqueles guisados de sonho que a Mãe fazia multiplicar... 


Imagens Google

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