O Luís tinha nascido há um ano, a 21 de Maço, dia da
Primavera.
A árvore, em virtude da sua importância para a vida humana,
adquiriu um dia especial; e como é com a chegada da Primavera que ganha nova
existência, abrindo flores lindas que dão origem a outras árvores, o dia que
lhe atribuíram foi exactamente o do início da bela estação do ano - 21!Distribuíam-se na altura (não me recordo qual a Entidade) pequenos pinheiros e cedros por vários locais de trabalho, incluindo o meu.
Ao associar as datas, escolhi um pinheirinho para, juntos, se acompanharem nos aniversários e crescimento.
Era um pinheiro de viveiro, enraizado num pequeno torrão envolto num saco de plástico, pronto para plantar.
E assim, colocando a pequena árvore num vaso de terracota (para melhor respirar) e perfurado (para não acumular água) a que juntei mais terra, dei as boas vindas às duas primaveras.Com regas e alguns fertilizantes, foi crescendo rapidamente nos primeiros anos.
Depois, um pouco menos, até deixar mesmo de aumentar.
Por fim, dava sinais de que estaria a secar ou a ficar doente; perdia folhas em grande número, mesmo antes de ficarem secas. Devia ser a lagarta do pinheiro que, agrupada em grande quantidade se alimentava das folhas.
O vaso, com o tempo, começava também a ficar com um visual verde esbranquiçado.
Disse então o Luís: “não podemos deixá-lo morrer; temos que o plantar noutro local onde as raízes possam crescer porque este vaso já é muito pequeno “.
E eu, olhando para um jardim da Câmara que fica em frente da nossa casa, disse: “pois vai ser ali. Vou telefonar para a engenheira do ambiente a pedir autorização, porque queremos continuar a vê-lo crescer ”.
Telefonei, expondo os motivos da transferência e da razão da escolha, mas a resposta foi negativa: “ não pode ser nesse jardim porque já lá tem muitas árvores e não são pinheiros; poderei mandá-lo colocar num dos jardins dos largos da rua do lado”.
Como estávamos decididos a não abdicar do nosso objectivo, estudámos então uma área que abrangesse o horizonte visual a partir da varanda.
“Há ali do outro lado da rua um cantinho que pertence ao Centro de Dia da Paróquia e que se vê daqui; vou lá falar com o zelador, o Sr. Hernâni, que é muito simpático”, disse eu.
E assim foi.
Como estava muito raquítico e doente, ele ofereceu-se para o cuidar - passou a regá-lo, a tirar as ervas daninhas e a podar os ”ladrões” que iam aparecendo no tronco.
Hoje o Sr. Hernâni já não vive lá; mas deixou-o “com pernas para andar”.
Tornou-se num lindo pinheiro manso de copa densa e arredondada, pernadas grossas viradas para cima, raminhos curvos e folhas persistentes.
Tem resina, pinhas, flores e parece feliz.
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