Mãe, hoje não houve aula de Geografia. Sempre que a
professora falta manda fazer trabalhos.
Ela é piloto de todo-o-terreno numa mota Suzuki! E já
ganhou provas!
Um dia também gostava de ter uma assim pra correr pelo
mundo…
Colégio Pe. Manuel Bernardes
Uma professora com mota! A fazer ralis!
Parecia que lhe tinha saído a sorte grande…
E os dias foram passando.
Porém, apesar das motos (rodas, velocidade, motores,
ruídos…), do fascínio por mapas, da exploração de Países, respectivas bandeiras
e capitais (até as menos matraqueadas como Riga, Baku, Minsk, Valeta, Assunção,
Cartum, Kigali, Dakar, etc., para falar apenas de algumas) e de uma enorme
capacidade de orientação no terreno, as notas na disciplina nunca se pautaram
pela excelência.
Já mais tarde, a reacção habitual perante o brilhante
currículo desportivo da professora, era a total indiferença.
Concluí, pelos adjectivos com que a descrevia, que se
sentia“traído” na escolha do seu “símbolo de identificação”.
Porque… pelo menos com um aluno, penso, não conseguiu transformar o conhecimento em
ensino ou seja, numa relação de pessoa para pessoa.
O professor, segundo Rogers, deve ter em conta que os
alunos aprendem aquilo que para eles é significativo.
Os professores (e a Escola) podem ter um papel importante na
descoberta dos interesses dos alunos e desenvolvê-los de forma a criar hábitos
de pesquisa, que lhes permitam manter a motivação para aprender e encontrar
métodos de estudo adequados às suas próprias necessidades.
E, no caso vertente, as muitas ausências substituídas pela
marcação de trabalhos talvez classificados de forma menos rigorosa, terão provocado o
desinteresse não só pela pessoa, mas também pelo valor da notável desportista a
nível nacional.
Estou a falar, como se deduziu já, de Elisabete Jacinto,
a então professora de Geografia no Colégio Padre Manuel Bernardes, na década de
90, primeira mulher a vencer uma prova internacional de todo-o-terreno ao volante
de um camião e uma das nomeadas para o Prémio Mérito Desportivo Prestígio –
Atleta Feminina do Ano.
Foi nessa mesma década que trocou o ensino pela
velocidade e percursos acidentados de todo-o-terreno, a sua verdadeira paixão profissional.
Desde que iniciou as competições de mota em 1992 que
nunca mais deixou de lutar nas mais diversas provas nacionais e internacionais
de moto (1992 a 2001), auto (2000 a 2006) e camião (2003 a 2013), acumulando
dezenas de vitórias e de participações.
Para além desta sua actividade profissional, dedica-se
também ao alpinismo, ao mergulho recreativo e ao para-quedismo.
É co-autora de livros de aventura em BD, “Os Portugas no Dakar”, que contam
de uma forma divertida as histórias autênticas dos pilotos portugueses participantes no rali em mota, autora do livro “Irina
no Master Rali”, onde relata as suas verdadeiras histórias, também elas cheias de aventuras/ emoções fortes vividas na realidade, e de manuais escolares relacionados com Aprendizagem de Ciências Sociais e
Formação Física.
Como Congressista, apresenta temas associados com a
actividade desportiva na escola, universidades e empresas.
Digna de louvor, já recebeu:
Ordem do Mérito (Atribuída por Sua Excia. o Presidente da República)
Diploma de Mérito Desportivo (Federação Nacional de Motociclismo)
Diploma de Mérito de Barca da Aldegalega (Junta de Freguesia do Montijo)
Diploma de reconhecimento por serviços prestados (Região de Turismo da Costa Azul)
Prémio “Prestigio” (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting)
Diploma de Mérito referente a 1998
Algumas das respostas que deu num Teste Americano:
- Imagine que é convidada por Mário Testino para um
ensaio fotográfico para a ‘Vogue’. Como gostava mais de posar?
a) Na Ópera de Paris, vestido preto decotado, salto alto,
batom vermelho…
b) De biquíni numa praia tropical, bronzeada, luminosa…
c) De
sandálias e túnica de linho branca, no deserto africano
- Diga-nos por que razão Portugal teria a ganhar se
houvesse uma mulher no lugar do actual primeiro-ministro...
a) As mulheres são
gestoras mais frias e racionais em situações de crise
b) As mulheres não branqueiam buracos orçamentais com
números de malabarismo
c) As mulheres não deixam as amigas tontas à solta pelo
Estado
-É uma fã incondicional de África. Diga-nos o que tem este
continente de tão especial...
a) O cheiro, as cores, a precariedade de tudo
b) O povo, o clima, a comida
c) A vida selvagem e os
horizontes infinitos
Porque é a mulher desportista com melhor imagem
mediática, aventureira (mesmo com os já 49 anos), despretensiosa e gosto das respostas (a vermelho), quero deixar aqui
expressa a minha mensagem de admiração (embora com alguns meses de atraso), a
propósito da “comemoração dos 10 anos a correr em camião”.
Imagens Google
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