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sexta-feira, 18 de julho de 2014

"JUDAS ISCARIOTES"... SEM REMORSO

Quando os nossos banqueiros ou o governador do BdP, têm necessidade de assegurar que os bancos portugueses estão de boa saúde, temos boas razões para nos preocuparmos porque, se precisam de dizê-lo, é um mau sinal.
        
A História do Banco do Meu Avô
Por Carlos Paz*

Vamos IMAGINAR coisas…
Vamos imaginar que o meu avô tinha criado um Banco num País retrógrado, a viver debaixo de um regime ditatorial.
Depois, ocorreu uma revolução.
Foi nomeado um Primeiro-Ministro que, apesar de ser comunista, era filho do dono de uma casa de câmbios. Por esta razão, o dito Primeiro-Ministro demorou muito tempo a decidir a nacionalização da Banca (e, como tal, do Banco do meu avô).
Durante esse período, que mediou entre a revolução e a nacionalização, a minha família, tal como outras semelhantes, conseguiu retirar uma grande fortuna para a América do Sul (e saímos todos livremente do País, apesar do envolvimento direto no regime ditatorial).

Continuemos a IMAGINAR coisas…
Após um período de normal conturbação revolucionária, o País entrou num regime democrático estável. Para acalmar os instintos revolucionários do povo, os políticos, em vez de tentarem explicar a realidade às pessoas, preferiram ser eleitoralistas e “torrar dinheiro”.
Assim, endividaram o País até entrar em banca-rota, por duas vezes (na década de 80).
Nessa altura, perante uma enorme dívida pública, os políticos resolveram privatizar uma parte significativa do património que tinha sido nacionalizado.
Entre este, estava o Banco do meu avô.

E, continuando a IMAGINAR coisas…
A minha família tinha investido o dinheiro que tinha tirado de Portugal em propriedades na América do Sul. Como não acreditávamos nada em Portugal, nenhum de nós quis vender qualquer das propriedades ou empatar qualquer das poupanças da família. 
Mas, queríamos recomprar o Banco do meu avô.
Então, viemos a Portugal e prometemos aos políticos que estavam no poder e na oposição, que os iríamos recompensar (dinheiro, ofertas, empregos, etc…) por muitos anos, se eles nos vendessem o Banco do meu avô muito barato.
Assim, conseguimos que eles fizessem um preço de (vamos imaginar uma quantia fácil para fazer contas) 100 milhões, para um Banco que valia 150.
Como não queríamos empatar o “nosso” dinheiro, pedimos (vamos imaginar uma quantia) 100 milhões emprestados aos nossos amigos franceses que já tinham ganho muito dinheiro com o meu avô. Com os 100 milhões emprestados comprámos o Banco (o nosso dinheiro, que tínhamos retirado de Portugal, esse ficou sempre guardado).
E assim ficámos donos do Banco do meu avô. 
Mas tínhamos uma dívida enorme: os tais 100 milhões. Como os franceses sabiam que o Banco valia 150, compraram 25% do Banco por 30 milhões (que valiam 37,5 milhões) e nós ficámos só a dever 70 milhões (100-30=70). Mesmo assim era uma enorme dívida.

Continuemos a IMAGINAR coisas…

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Não será a narração cronológica e subtil dos factos de um verdadeiro enredo…tão antigo quanto actual?


Se os amigos franceses fizeram, ou não, muito dinheiro com o “meu Avô”, não sei, mas foi graças à intervenção de Mário Soares junto de François Mitterrand que o clã Espírito Santo se aliou ao Crédit Agricole para ir a jogo na privatização do BES. E o apoio financeiro do grupo francês foi decisivo para a recuperação do banco, perdido nas nacionalizações de 1975.


Também ninguém pode deixar de constatar que a família cultiva o poder instalado em cada momento. Foi assim com Salazar, Sócrates, Passos Coelho e todos os outros Executivos.
Mas é por Mário Soares que Ricardo Salgado tem uma consideração muito especial…

Um “génio de finança”… com o dinheiro dos outros.

Pelos vistos o génio não chegou para fazer face à quebra da economia em 2008, à crise das dívidas soberanas, à queda da capitalização bolsista, ao crédito delinquente

Mas sobrou o suficiente para extorquir as empresas e aproveitar os negócios oportunos que os governos lhe iam proporcionando, desde os fundos europeus até à chegada do crédito barato, durante 30 anos, sempre a lucrar.
E também para “arranjar uma solução!” para o “Banco do meu avô” que agora está “completamente arruinado”...
Porque, como em todos os outros casos, enquanto a Grande Família ES vai vivendo dos rendimentos escondidos, nós, os contribuintes, reforçaremos o BES porque não acredito que o governo tenha coragem para o deixar cair.

O grande “génio da finança” irá conseguir, uma vez mais, libertar-se do “Banco do meu Avô”, da “Rio do meu Avô”, do “Grupo do meu Avô”, com o dinheiro dos outros.

A capacidade incrível que algumas pessoas têm para praticar delitos!

Os bancos tornaram-se demasiado poderosos na medida em que  influenciam a política, a economia e a cultura; mas porque os políticos são fracos e deixam, perante a inquietante indiferença dos cidadãos!

A ambição comete, em relação ao poder, o mesmo erro que a ganância em relação à riqueza: começa a acumulá-la como meio de felicidade, e acaba a acumulá-la como objetivo.- Charles Colton
Alves Reis  (1898 - 1955), o maior burlão da história portuguesa, deve estar a ser ultrapassado pela enorme máfia de banqueiros/políticos - Caso BPN, BPP, BANIF, BES…

"A geração de banqueiros que dominou Portugal nos últimos 30 anos está a cair. Um a um, por causa de irregularidades, más práticas ou mesmo casos de polícia que alguns admitiam existir mas que nunca se pensou que tivessem tal dimensão. Bancos foram extintos, os prejuízos têm-se acumulado, houve que recorrer à linha de crédito da troika para cumprir rácios e encerraram-se centenas de balcões. 
A pergunta é inevitável: os banqueiros ainda são confiáveis? Ainda lhes podemos entregar o nosso dinheiro e dormir descansados? "- Nicolau Santos


JUDAS ISCARIOTES “era um ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”. João 12.6

Mas arrependeu-se e devolveu o dinheiro...

“E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” Mt 27:5


À pergunta deixada no fim, pelo autor do texto: 
- Se esta história em vez de ser IMAGINADA, fosse verdadeira, que fariam ao neto?
Respondo plagiando ainda Nicolau Santos quandoem 11 de Julho de 2014 se refere a Ricardo Espírito Santo, como “O homem que recebeu um presente de 14 milhões”:
- Há cerca de um ano que Ricardo Salgado não devia ser presidente do Banco Espírito Santo
Em meados de 2013, quando se soube que tinha recebido uma comissão de 8,5 milhões de euros de um construtor civil por causa de um qualquer serviço que lhe terá prestado em Angola, nesse mesmo dia o Banco de Portugal deveria tê-lo declarado pessoa não idónea para se manter à frente do banco verde. Era o mínimo. Nos Estados Unidos, uma situação idêntica dá também direito a prisão, com punhos algemados e as televisões a filmarem em directo.


Agora há Vitor Bento e outros “bem relacionados”, como João Moreira Rato...


"(...)
Vítor Bento foi um dos mais implacáveis defensores da austeridade sem limites, tentando no fundo dar dignidade e profundidade intelectuais ao Ai aguenta, aguenta de Ulrich, a mais desgraçada e realista avaliação política feita até agora.
(...)
É uma espécie de lei da rolha aplicada ao BES: está tudo bem e não se fala mais nisso.
A família Espírito Santo pode ir brincar para a Comporta descansada e tudo fica entregue a “tecnocratas”, expressão que é só mais uma fraude de Passos Coelho."

E numa entrevista ao Diário de Notícias em junho de 2005, era já então presidente da SIBS, foi talvez o primeiro a usar a expressão hoje celebrizada e usada quase à exaustão: "os portugueses estão a viver muito acima das suas possibilidades"- Ladroes de bicicletas, blog





João Moreira Rato, Presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) passa a ser, aos 42 anos, administrador financeiro do BES.
geriu o fundo de investimento Nau Capital juntamente com o fundador e gestor João Salgado Poppe que é sobrinho de Ricardo Salgado e um ex-quadro do BES, onde trabalhou durante 12 anos.
Este fundo era participado pelo BES e acabou por ser adquirido pela Eurofin, um grupo suíço especializado em serviços financeiros que, segundo o Expresso do início de abril, se encontra sob investigação pelo Banco de Portugal
Do currículo faz parte a passagem pelo Goldman Sachs… 
Sim," esse que está em todo o lado - a falência do banco Lehman Brothers, a crise grega, a queda do euro, a resistência da finança a toda a regulação, o financiamento dos défices, a crise das dívidas soberanas na Europa e do sub prime nos EUA até a maré negra do golfo do México!" - Marc Roche


Imagens Google

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